quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Pelotas ganha rede de padarias da economia solidária

Será inaugurada nesta sexta-feira (14) a primeira rede de padarias da economia solidária no município de Pelotas (RS). Situados nos bairros Fragata, Dunas e Getúlio Vargas, os empreendimentos foram constituídos a partir da organização coletiva de pessoas das próprias comunidades, com apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (Senaes/MTE) e da Associação de Trabalho e Economia Solidária (Ates).

"Além de gerar emprego e renda, as panificadoras estimulam o desenvolvimento econômico dessas localidades", acredita o diretor de Fomento da Senaes, Dione Manetti, que participa do evento. De acordo com o ele, a operação em rede traz benefícios como a redução de riscos para investir e facilidades para acessar crédito, além da criação de uma marca forte e unificada. "Um bom exemplo das facilidades trazidas por esse modelo é a possibilidade de efetuar compras conjuntas com custos menores", sustenta Manetti.

Outro diferencial da Rede de Padarias Solidárias é que a maior parte das mercadorias disponíveis nas prateleiras das três filiais também é feita por empreendimentos da economia solidária. "Nós fazemos a produção do dia-a-dia, o pão, os salgados, os doces. As outras coisas, como café, leite, arroz e feijão nós compramos de cooperados como a gente", ressalta César Porto, trabalhador da filial Dunas, que funciona em caráter experimental há dois meses.

Manetti explica que a idéia é diminuir os intermediários entre o produtor e consumidor, um dos princípios do comércio justo. "Dessa forma, é possível desonerar a cadeia produtiva e todos saem ganhando", defende.

Investir para gerar oportunidades
Antes de abrir as portas das padarias, os doze trabalhadores da Rede receberam treinamento em administração. O curso foi oferecido por meio de parceria entre a Senaes, a Ates e a Faculdade Atlântico Sul. Foram seis meses de aulas com abordagem de temas como autogestão, plano de negócios e história da economia.

Luciano Lima, diretor geral da Ates, afirma que a maior dificuldade enfrentada na fase de elaboração do projeto foi a construção de uma cultura diferente de trabalho, baseada na coletividade. "As pessoas estão acostumadas a uma relação de trabalho hierárquico, com patrões e empregados", avalia.

Desempregado durante dois anos, Porto comemora a nova oportunidade."É natural que a gente encontre algumas dificuldades no início, como todo negócio tem, mas acreditamos na nossa capacidade e estamos otimistas", afirma Porto. De acordo com ele, a iniciativa foi bem recebida pela população. "Vem até gente de outros bairros comprar”, conta, satisfeito.

“Nossos clientes são nossos vizinhos e sempre que eles vêm aqui nós explicamos que a proposta da nossa padaria é diferente das outras", afirma Porto, destacando que ao final do mês o pagamento de contas, como aluguel, luz e fornecedores são priorizadas. “O que sobra nós dividimos igualmente entre todos", diz.

A idéia da criação da Rede foi apontada pela Ates em conjunto com agentes do Projeto de Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária (PPDLES), coordenado pela Senaes. O PPDLES conta com mais de 500 agentes em todos os estados. A principal tarefa deles é identificar potencialidades de grupos produtivos e buscar apoio para a organização de empreendimentos autogestionários.

Ao todo, a Senaes investiu R$ 116 mil na Rede de Padarias Solidárias, incluindo capacitação e equipamentos. Outros R$ 24 mil foram destinados pela Ates.

Serviço:
O que ? Inauguração da Rede de Padarias Solidárias, em Pelotas (RS)
Qunado? Sexta-feira (14) às 11 horas no bairro Fragata, às 14 horas bairro Dunas e às 16 horas bairro Getúlio Vargas.

Mais informações:
Fernanda Barreto
(61) 9965.1219
Assessoria de Comunicação do PPDLES
Secretaria Nacional de Economia Solidária
Ministério do Trabalho e Emprego

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