terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Parceria é pano de fundo para sucesso da Justa Trama

Texto: Rodrigo Rievers com Clara

O que une as cidades de Tauá, no Ceará, Porto Velho, em Rondônia, Nova Odessa e Santo André, em São Paulo, Itajaí, em Santa Catarina, e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul? A cadeia produtiva do algodão agroecológico, que deu origem à Justa Trama, marca de roupas e acessórios que já caiu no gosto dos consumidores mais engajados, que apreciam as tendências da moda sem deixar de lado o caráter social e ecológico que está por detrás da produção de cada peça.

Nascida da união de cinco cooperativas e uma empresa de autogestão, a Justa Trama é um dos principais exemplos de como o trabalho com foco na economia solidária pode fazer a diferença no desenvolvimento das mais distintas localidades. Na economia solidária, a produção, o consumo e a distribuição de riqueza têm caráter associativista e cooperativista, caracterizando-se pela gestão feita pelos próprios trabalhadores, que assumem a frente de um negócio e tornam-se empreendedores.

Foi exatamente o que ocorreu com mulheres e homens que participam das cooperativas que integram a Justa Trama. Hoje, eles são responsáveis pela gestão e definem metas e estratégias a serem alcançadas, tomando as rédeas do processo de desenvolvimento que visa, em última análise, a inclusão social. “Devagar, estamos construindo nossa independência e garantindo acesso a mercados”, diz Francisco das Chagas Loiola Maia, tesoureiro da Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural (Adec), que reúne 250 produtores de algodão agroecológico da região de Tauá, no Ceará.

É de Tauá que sai o algodão que mais tarde é transformado em fios e tecidos por duas cooperativas de trabalhadores paulistas: a Cooperativa Nova Esperança (Cones), de Nova Odessa; e a Cooperativa de Trabalhadores em Fiação, Tecelagem e Confecções (Textilcooper), de Santo André. Neste ano, a associação de Tauá, no Ceará, já enviou 2,6 toneladas de plumas de algodão, que é o algodão já sem o caroço, para a cadeia produtiva da Justa Trama.

E a expectativa é que os produtores de Tauá mandem outra remessa ainda neste ano, já que a qualificação deve elevar a produção de pluma de algodão de 6 toneladas para 10 toneladas na atual safra, cuja colheita está prevista para terminar em agosto. “O acompanhamento técnico da produção e a conscientização dos produtores deve ampliar a produção para 10 toneladas de algodão em pluma, o que corresponde a 30 toneladas de algodão em rama, que é o algodão com caroço”, diz Chagas Maia.

Para Nelsa Fabian Nespolo, da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), de Porto Alegre, a união em torno de um projeto comum deu mais fôlego a todos os empreendimentos que integram a Justa Trama. É na Univens que é realizada a última etapa da cadeia produtiva do algodão agroecológico, com a transformação de tecidos e fios em camisetas e acessórios.

“A economia solidária, a união de esforços entre trabalhadores e trabalhadoras que formaram todas essas cooperativas, é sem dúvida nenhuma um forte instrumento de desenvolvimento local, de desenvolvimento do País”, avalia Nelsa, costureira que hoje está à frente da cooperativa que reúne 25 mulheres e dois homens e está localizada na zona norte de Porto Alegre.

Além da Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural (Adec), da Cooperativa Nova Esperança (Cones), da Cooperativa de Trabalhadores em Fiação, Tecelagem e Confecções (Textilcooper) e da Cooperativa de Costureiras Unidas Venceremos (Univens), participam da cadeia solidária da Justa Trama a Cooperativa Açaí de Porto Velho, em Rondônia, e a empresa Fio Nobre, com sede em Itajaí, Santa Catarina.As parcerias de apoio à Justa Trama também envolvem a Agência de Desenvolvimento Social da Central Única dos Trabalhadores (ADS/CUT), o Centro de Pesquisa e Assessoria (Esplar), a Fundação Banco do Brasil (FBB), o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) e a Secretaria Nacional da Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (Senaes/MTE) através do Projeto para Promoção do Desenvolvimento Local e Economia Solidária (PPDLES).

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